sexta-feira, 16 de outubro de 2009

A cidade vivida

Entre tantas coisas que nos une, está o urbanismo.
Me deu vontade de compartilhar uma visão que a maioria das pessoas não tem do espaço público:



A cidade, mais do que o conjunto de elementos construídos e interligados, é um espaço de projeção das neuroses e fobias dos cidadãos - segundo a psicanálise.

A percepção que temos da nossa cidade é condicionada por nossos desejos, emoções e nosso sentimentos. Essa afirmação vai de encontro a idéia urbanística tradicional que sempre entendeu que a matéria-prima da sua disciplina eram os objetos arquitetônicos e as formas geométricas, não levando em consideração a reação subconsciente que tais objetos causariam em seus usuários.

A ciência da Fenomenologia ajuda a explicar essa dinâmica, dizendo que a fonte do conhecimento pessoal está no corpo e nos sentidos, que nesse caso específico auxiliam na compreensão e na leitura do espaço urbano.
Existem percepções sensoriais que são inseparáveis da identidade da cidade (por exemplo: o clima chuvoso de Londres, o mau cheiro de Itajaí). Ou seja, as correntes de ar, a cor do território, o aroma da flora nativa, também fazem parte do desenho urbano de uma cidade.



Obra referência da incorporação da pscicanálise no objeto arquitetônico:
Monumento aos Judeus Vítimas do Holocausto, de Peter Eisenman, Berlim.




O monumento é como uma floresta de 2.711 blocos de concreto, que ocupa uma área de 19 mil metros quadrados. Distantes com precisão de 95 centímetros uns dos outros, os pilares não permitem que duas pessoas caminhem lado a lado no interior do monumento. O objetivo é levar o visitante a avançar sozinho e a experimentar o que significa a solidão, a impotência, o desespero.



- A cidade é percebida pelos seus habitantes através dos seus sentidos.

- A imagem intelectual que os habitantes fazem da cidade é feita a partir da sua vivência cotidiana.




Para saber mais:
- "A imagem da cidade", de Kevin Lynch
- "Ciudad hojaldre, visiones urbanas del siglo XXI", de Carlos Garcia Vázquez.

Escrito por Lê.

2 comentários:

Lê e Iza disse...

Bom saber que podemos levar um pouquinho do urbanismo por aí, o que ele pode representar, a força que pode exercer sobre as pessoas e os sentimentos.
Esse cantinho é realmente democrático, aborda de tudo.
Amei o post, mana. Muito legal da tua parte se preocupar com o nosso blog! hehehe Coitado, tava abandonadinho! Mas é assim que funciona, né... Quando dá na telha, aparece um textinho aqui!!
Beijos da "Banana Chorona" junior!
Te amo!

mamy disse...

Nossa Le, adorei...obrigada pelas informacoes, vivendo e aprendendo!!!! Fora q vc eh "the Best", ne????
beijos mamy